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Tendências musicais: o que podemos esperar da música em 2022

Fizemos algumas pesquisas para tendêndias musicais deste ano e encontramos pontos relevantes que com certeza alguns sites vão acertar na mosca com suas previsões. Uma delas é Banana Music Branding que aposta em alguns gêneros que são difundidos aqui no Brasil e de outros cantos. Então vamos lá:

Músicas cada vez mais curtas…

Você sabia que a geração atual é a mais ansiosa e deprimida que os já ansiosos e deprimidos millennials? Além dos impactos óbvios que isso traz para a Gen Z, isso impacta diretamente no consumo musical desse grupo.

É um efeito cascata: a geração vidrada em vídeos curtos é ansiosa e quer ir direto ao ponto das coisas. Daí os artistas precisam cativar a atenção desse público muito rápido, trazendo os refrões logo para o início da música, que é de curta duração e repetitiva. 

A receita  perfeita para viralizar em plataformas como TikTok.

Além disso, o fato de que os artistas já conseguem monetizar por streaming a partir de 30 segundos, temos aí um possível empurrãozinho do mercado para essa tendência. Em outras palavras, para um artista é mais rentável ter várias pequenas músicas do que uma música longa.

Esse rolê me lembra do álbum de punk rock “Short Music for Sher People” (Fat Wreck Records, 1999) com 101 músicas, todas com menos de 30 segundos. O meu rádio só ia até a faixa 99 e mal sabia eu que esse seria o futuro da música 20 e poucos anos depois.”  – Emely Jensen, head de curadoria do Bananas Music.

Acrescentando nesse post acima que na década de noventa djs brasileiros precisamente no estado do Rio de Janeiro já faziam podcasts de faixas que duravam entre um a dois minutos e meio.

… até gerar um movimento contrário: músicas bem longas

Um dos primeiros sinais dessa mudança é o sucesso mundial de uma música de 10 minutos!

Sucesso, aliás, é uma palavra suave para descrever o impacto de All To Well (Taylor’s Version). A música estreou em primeiro lugar nas mais ouvidas do Spotify com quase 7 milhões de streams no lançamento e segue figurando entre as mais ouvidas desde seu lançamento, dia 12 de novembro de 2021.

Claro que não é qualquer música de 10 minutos, mas uma nova versão extendida da música preferida dos “Swifties”, como são conhecidos os fãs da cantora, uma das maiores fanbases do mundo pop.

E também não é todo mundo que pode fazer isso. Taylor já é uma artista extremamente consolidada. 

De qualquer forma, esse pode ser o primeiro passo da arte/mensagem/substância voltando a ser protagonista no mundo mainstream – ao invés da contagem de views. Torcemos!

Essa tendência digamos assim, entre músicas curtas existe vários motivos para que seja munialmente uma regra musical tanto para aplicativos de músicas quanto para outros meios de música digital.

esse podcast com várias músicas de um minuto faz um grande sucesso entre o meio musical

Gêneros musicais que irão se destacar em 2022

O novo RNB brasileiro em evidência

Introduzido nos Estados Unidos na década de 1940, pela revista Billboard, o termo R&B substituía a chamada “Race Music”, que, na época, representava músicas de origem afro-americana, refletindo, assim, o status segregado da sociedade norte-americana.

Por aqui ele apareceu com nomes como Tim Maia, Jorge Ben Jor, Sandrá de Sá, entre outros, que “abrasileiraram” o ritmo, com a mistura com o samba, por exemplo. Mesmo assim ele se manteve afastado dos holofotes, se escondendo por trás da MPB e do rap melódico, por exemplo.

Avançando alguns anos, já podemos observar as coisas mudando. Hoje o R&B brasileiro é a casa de diversos artistas que vêm pavimentando bem o caminho do gênero nesses últimos anos.

Luccas Carlos, Gaab, Yoún e a trupe do Poesia Acústica já são nomes lembrados quando falamos de R&B da nova geração.

Em 2021 podemos ver Jean Tassy, Luedji Luna e até Marina Sena carregando essa bandeira para – por que não? – nos marcar definitivamente como território criador dessa estética musical.

A consolidação do Pop Brasileiro

Se alguém tinha dúvida sobre a força do nosso pop nos anos anteriores, sendo lembrado basicamente pela atuação da Anitta, agora, com a explosão de artistas como Luisa Sonza, podemos ter certeza.

“Doce 22”, o segundo álbum da carreira de Luísa, foi o disco pop nacional mais ouvido no Spotify neste ano e projetou a carreira da cantora gaúcha de 23 anos para outro patamar. Ele só ficou atrás de “Sour“, de Olivia Rodrigo (vamos falar de Olivia já já).

E não para por aqui. O mundo teve a oportunidade de conhecer a nossa mineira Marina Sena, cujo hit “Por Supuesto” figurou no primeiro lugar da parada viral global do Spotify, além de chegar ao top 20 de músicas mais ouvidas no Brasil na plataforma.

A cantora ainda levou o Prêmio Multishow 2021 nas categorias “Revelação do Ano”, “Capa do Ano” e “Experimente” e o WME Awards By Music2! na categoria “Revelação”. 

Estamos ou não estamos em ascensão por aqui?

A vibe do rock pouco a pouco voltando à cena

A pegada do rock vem gradativamente voltando à cena e é o emo, o pop punk e o rock dos anos 2000 que vem puxando esse comeback graças ao TikTok.

O emo/pop punk/pop rock dos anos 2000 é uma das grandes tendências mundiais no quesito musical. A hashtag #emo tem 4,1 bilhões de visualizações no aplicativo , enquanto #emorevival tem 4,7 milhões de visualizações. 

A maioria dos vídeos está repleta de canções de músicos e bandas populares da época, como Green Day, Paramore, Avril Lavigne e My Chemical Romance.

Olivia Rodrigo é atualmente o símbolo mainstream do revival do pop rock. As letras com teor feminista e politizado se misturam com letras simples sobre relacionamentos e as angústias da juventude, ganhando também um twist da geração Z ao falar abertamente sobre temas como saúde mental – um avanço em relação aos anos 90.

Lo-Fi

Pra quem não sabe, o termo vem do inglês low fidelity, ou seja, baixa fidelidade. E para os que já estão acostumados com produção musical, sim, esse termo não é novo e pode ser aplicado a qualquer produção de baixa qualidade.

Mas estamos falando aqui do lo-fi hip hop que cresceu absurdamente em 2021, já faz parte das nossas vidas, e assim continuará em 2022.

Alguns artistas de lo-fi hip hop utilizam simplesmente um computador, algumas vezes plugado a um controlador, para criar músicas e até álbuns inteiros: tudo eletronicamente. Geralmente a motivação são músicas para relaxar e concentrar.

Agora, além de seguir consolidado como a trilha do nosso estudo, trabalho (seja no escritório ou em home office), o lo-fi está em evidência no TikTok, trazendo novas versões aconchegantes de músicas que estão bombando, por exemplo.

O quão mais pesado o funk pode ficar? Estamos chegando no teto do céu

O funk é um dos gêneros musicais mais populares no Brasil. A cada nova roupagem, o consumo cresce ainda mais e a gente fica aqui só vendo onde isso vai dar.

Vamos explorar esse tópico sob duas óticas diferentes: sonoridade e letras.

Os sons do Funk: nossos ouvidos vão gostar? 

Estamos acompanhando há um tempo a, digamos, acelerada no ritmo do funk e nos perguntamos aqui se a compressão da música está chegando a um limite que nossos ouvidos conseguem suportar – será?

Tradicionalmente o funk era feito em 130 BPM, para você ter uma ideia. Em meados da última década, vimos a explosão do funk 150 BPM com os chamados “funk da Gaiola”, do Mc Kevin O Chris.

Já passamos pelo funk 170 BPM e estamos agora no Rave Funk, um estilo que aproxima o funk da música eletrônica dançante. 

“A ideia de misturar funk e eletrônica surgiu na rave. Achei os pontos e os timbres fodas demais e a velocidade me chamou atenção. Aí gostei tanto que procurei misturar em minhas músicas”, explica DJ Polyvox ao site da KondZilla

Acreditamos que essa tendência vai seguir assim ainda por mais alguns anos, pois as pessoas continuam consumindo a música independente da crescente compressão. Veremos o que vem depois. “Mashup funk” talvez?

Letras do Funk: o funk p*taria não é mais proibidão

Não é só a sonoridade que está cada vez mais pesada, mas a letra também. Longe de sermos pudicos por aqui. Mas observamos esse movimento das letras de cunho sexual saírem dos bailes funk “de favela” e chegarem ao TikTok, às vezes com famílias inteiras seguindo ao challenge. Em outras palavras, a trend sobressai à letra.

O mesmo vale para o funk brazuca. Enquanto nos anos 90, os millenials não sabiam exatamente o que era “pau que nasce torto, nunca se endireita”, hoje as letras estão bem mais diretas, se é que você nos entende.

https://youtu.be/GSEEEkC1MbY

Devemos ressaltar que as letras pesadas não são restritas ao funk. Podemos observar esse movimento nas músicas populares em geral (pisêro, forró, bregadeira, etc). Parece que o povo gosta mesmo dessa tendência.

A era dos Mashups e do feat.

Produtores no mundo todo, sejam profissionais ou amadores, jogam toda sua criatividade numa colaboração que pode acabar rendendo bons frutos.

Isso não é uma novidade, claro. Já vemos muito isso, principalmente no funk, desde seu início. A diferença é que agora esse processo é mais rápido, dinâmico – alô, globalização – e cheio de referências da cultura pop super atual (ex.: bella ciao, batatinha frita 123, ambos popularizados pela Netflix), fazendo tudo ficar ainda mais acessível.

Na música pop tivemos o mashup de Seaside x Watermelon Sugar e Promiscuous Motive bombando, por exemplo. E no Brasil, uma das músicas mais estouradas atualmente é um funk que sampleia Pumped Up Kicks do Foster the People. Quem diria?

Existe toda uma parte da lei de direitos autorais sobre uso de samples que vai ter que ser revista e vai ser complexo entender tudo isso. Bem vindos ao mundo “tiktokzado”!

Sertanejo voltando ao top 10 – mas não como antes

Ele andou meio sumido por causa da falta de shows durante a pandemia do COVID-19, shows esses que são a força catalisadora para as músicas e artistas bombarem.

Agora que os festivais e shows estão retornando aos poucos, tem tudo para o sertanejo voltar com força total. Porém, pode prestar atenção: o gênero está mais híbrido agora, bebendo muito das referências atuais que estão bombando na música.

Um pouco de contexto

O portal G1 reuniu diversos especialistas da indústria da música e entretenimento para consolidar um fato que já mencionamos por aqui em reports anteriores: o sertanejo está perdendo espaço nas paradas do Brasil.

Alguns dos highlights sobre o tema:

> Críticos e especialistas apontam falta de renovação e criatividade no Sertanejo;

> Sertanejos se defendem dizendo que apenas “botaram o pé no freio em investimentos e lançamentos”, visto que sem shows não há retorno para os artista;

> Com o investimento pesado que os sertanejos faziam em suas estruturas de show, era difícil para artistas de outros gêneros disputarem espaço. Agora com o digital brilhando sozinho, o cenário mudou. Estilos mais adaptados à produção e distribuição digital como o funk e a pisadinha (forró eletrônico), que conseguem produzir e divulgar com facilidade, acabam saindo à frente dos sertanejos.

É sobre isso: ritmos que, em geral, demandam menos produção – uma batida eletrônica e uma voz e está pronto – se sobressaíram muito durante a pandemia e também pela acessibilidade ao mundo digital.

O artigo cita muito a pisadinha, mas lembramos que essa é a mesma lógica de produção do RAP e do FUNK. Daí esses gêneros estarem mais em alta no streaming.

Sabemos que, assim como já foi um dia com o axé e o pop rock, a pisadinha não vai durar pra sempre nos pódios da música brasileira. Mas será que agora poderemos finalmente vislumbrar outros gêneros tendo destaque também? Cenas dos próximos capítulos.

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